Os medos foram uma das tribos de origem ariana que migraram da Ásia Central para o planalto Iraniano, posteriormente conhecida como Média, e, no final do século VII a.C., fundaram um reino centrado na cidade de Ecbátana.
Os medos não deixaram fontes escritas, razão pela qual a sua língua e as suas estruturas sociais, econômicas e políticas são desconhecidas. O que se sabe deles deriva do registro bíblico, de textos assírios e também dos historiadores gregos, clássicos. As informações disponíveis acerca dos medos são, por vezes, contraditórias. Heródoto, por exemplo, não faz diferença entre os medos e os persas, chamando as guerras entre gregos e persas de Guerras Médicas, como se os dois povos fossem apenas um.
Os medos parecem ter-se constituído em numerosos pequenos reinos sob chefes tribais, e os jactanciosos relatos dos imperadores assírios Shamshi Adad V, Tiglate-Pileser III e Sargão II referem-se às suas vitórias sobre certos chefes de cidade da distante terra dos medos. Depois da vitória sobre o reino de Israel, em 740 AEC, os israelitas foram enviados ao exílio em lugares na Assíria e "nas cidades dos medos", algumas delas sendo então vassalos da Assíria.
Os esforços dos assírios de subjugar "os insubmissos medos" continuaram sob o rei assírio Esar-Hadom, filho de Senaqueribe, e evidentemente contemporâneo do Rei Manassés, de Judá (716-662 AEC). Numa das suas inscrições, Esar-Hadom fala de um distrito na borda do deserto de sal, que jaz na terra dos distantes medos, na beirada do monte Bikni, o monte de lápis-lazúli, [...] poderosos chefes que não se haviam submetido ao meu jugo, — eles mesmos, junto com seu povo, seus cavalos de montaria, seus bois, suas ovelhas, seus jumentos e seus camelos (bactrianos), — enorme despojo, eu levei para a Assíria [...] Meu tributo e meu imposto reais eu lhes impus, anualmente.
¡Ecbátana!
Segundo o historiador grego Heródoto, quando os medos se viram livres dos assírios e ficaram dispersos em várias vilas onde não havia uma autoridade central, surge aí o nome Dioces, que se cansou de tentar resolver problemas de seu povo e se retirou para resolver os seus. Feito isso a desordem se intensificou.
Os habitantes daquelas vilas dispersas decidiram que Dioces deveria ser elevado a rei, e assim aconteceu. Com a elevação de Dioces à rei, este solicitou que fossem construídos um palácio e uma cidade, visto que as vilas não eram dignas de sediar seu reino. Surge Ecbatana.
A capital dos medas foi construída fortificada por sete muralhas circulares com demais fortificações coloridas que variavam desde o azul, passando pelo laranja até o prateado.
Ecbatana teria sido fundada por volta de 678 a.C mas seus primórdios podem remontar a 2.000 a.C, com a união das vilas é que teria dado origem a grandiosas cidades dos medos. Hoje é Hamadan, situada a 300 Km a sudoeste de Teerã , na Irã. Possui 250 mil habitantes dentre seu monumentos destaca-se o túmulo do filósofo Avicena ( 980 - 1037).
Segundo Heródoto (I, 96), os medos tornaram-se um reino unido sob um governante chamado Dêioces. Alguns historiadores modernos acreditam que Dêioces seja o governante chamado Daiaukku nas inscrições. Ele foi capturado e deportado para Hamate, por Sargão II, em resultado duma incursão assíria na região da Média. Todavia, a maioria dos peritos acha que foi só no tempo de Ciaxares (ou Kyaxares, neto de Dêioces, segundo Heródoto [I, 102, 103]) que os reis da Média começaram a se unir sob determinado governante. Mesmo então talvez fossem apenas como os pequenos reis de Canaã, que às vezes lutavam sob a direção de determinado rei, embora ainda mantivessem um considerável grau de independência.
Os medos haviam aumentado em força apesar das incursões assírias, e começaram a ser então os rivais mais perigosos da Assíria.
Os medos exerceram pressão sobre a Assíria, com ataques e invasões às terras ao norte da Mesopotâmia. Alguns arqueólogos concordam que o desgaste causado pelas disputas de terras com os medos tenha contribuído para a rápida dissolução do império assírio e a ascensão do Império Neo-Babilônico de Nabucodonosor.
Quando Nabopolasar, de Babilônia, pai de Nabucodonosor, se rebelou contra a Assíria, Ciaxares, o medo, juntou suas forças às dos babilônios. Depois de os medos capturarem Assur, no décimo-segundo ano de Nabopolassar (634 AEC), Ciaxares (chamado Ú-ma-kis-tar nos registros babilônicos) reuniu-se com Nabopolasar junto à cidade capturada, e eles “estabeleceram uma entente cordiale [entendimento cordial]," Beroso (conhecido através de Polistor e Abideno, ambos citados por Eusébio) diz que o filho de Nabopolasar, Nabucodonosor, casou-se com a filha do rei medo, o nome dela sendo Amitis (ou Amuhea, segundo Abideno). Os historiadores discordam, porém, quanto a se Amitis era filha de Ciaxares, ou do filho deste, Astíages.
¡Ciáxares !
Ciáxares II (645 a.C. - 585 a.C.) foi rei do Império dos Medos entre 625 a.C. e 584 a.C.. Filho e sucessor de Ciáxares I, pai e antecessor de Astiages.
Destroçou as invasões Citas, em aliança com o novo monarca da Babilónia, Nabopolasar, e ambos iniciaram um forte campanha contra o Império Assírio, que rapidamente foi destruído logo que a sua capital Nínive foi conquistada em 612 a.C.
Reorganizou e modernizou o exército medo o que lhe deu maior poder e facilidade de entrevir dentro e fora do reino. Esse novo poder também facilicou a aliança com a Babilónia que foi formalizada com o casamento da filha de Ciáxares com o filho de Nabopolasar, Nabucodonosor II, este o rei que construiu os Jardins suspensos da Babilónia como um presente para a sua esposa meda, que sentia falta do terreno montanhoso onde havia nascido.
Com estes novos aliados venceram o Império Assírio e destruíram Nínive, em 612 a.C..
Depois da destruição da Assíria, os babilônicos ficaram com as terras baixas da Mesopotâmia, as quais transformaram-se na base do novo Império do Oriente Médio, no reino de Nabucodonosor (605-562 a.C.). As terras altas do leste passaram ao domínio dos medos.
Os medos conquistaram a Mesopotâmia setentrional, a Armênia e partes da Ásia Menor a leste do rio Halys, que era a fronteira estabelecida com a Lídia.
A partir desse momento, Cyaxares consolidou o seu reino e transformou o Império Medo numa nova potência emergente no Próximo Oriente. Reformou o exército medo segundo o modelo Assírio e babilónico. Reforçou também a administração e o protocolo com a corte de Ecbatana a capital do reino medo.
Cyaxares empreendeu uma guerra de expansão em direção da Anatólia, chocando assim com o reino da Lídia (Anatólia), com quem manteve uma guerra de altos e baixos, sem grandes vitórias e que o levou a assinar um tratado de paz depois da famosa Batalha do Eclipse em 585 a.C.
¡A batalha do eclipse!
Heródoto relatou a longa guerra entre os Lídios e os Medos na Ásia Menor. Referindo-se a uma batalha em 585 a. C., Heródoto escreve:
A guerra entre os Lídios e os Medos prosseguiu por cinco anos com resultados diversos. Ao longo da guerra os Medos ganharam muitas batalhas aos Lídios e os Lídios também ganharam muitas batalhas aos Medos [...] Como nenhuma das nações emergia vitoriosa, outra batalha teve lugar no sexto ano, no decorrer da qual, no momento em que a luta estava a pôr-se mais acesa, o dia mudou subitamente para noite [...] Os Medos e os Lídios, quando observaram a mudança, pararam de lutar, e ambos os campos ficaram ansiosos por estabelecerem a paz.
Foi imediatamente aprovado um tratado e a paz consagrada com o casamento da filha do rei lídio com o príncipe medo.
Pouco depois deste acordou Cyaxares morreu, deixando a seu filho Astiages um reino bem estruturado. Astiages foi o último rei da sua linhagem por via direta paterna.
¡Domínio Persa!
Em meados do Século VI a.C., os persas se rebelaram contra a política de Astiages.
No século VI a.C. as tribos persas foram-se tornando mais sedentárias e os seus líderes já não eram só chefes tribais, mas aos poucos começaram a comportar-se como reis autênticos. Quando Astiages pretendeu castigar alguns chefes tribais a revolta foi inevitável.
Em 550 a.C., Ciro II(Ciro, o Grande), naquele tempo príncipe da Pérsia e vassalo dos medos, rebelou-se contra o seu avô, o rei medo Astíages, derrotando-o e capturando-o.
A queda de Astiages não significou o fim da guerra já que os seus antigos aliados estavam preparados para ajuda-lo. No ano 547 a. C. Creso lançou uma expedição, mas foi derrotado.
Três anos após a revolta, Ciro, não só libertara a Pérsia, como derrotara os próprios Medos.
Os medos viram-se então sujeitos a seus parentes próximos, os persas. No novo império que se seguiu à derrocada dos medos, estes mantiveram-se em posição proeminente, considerados como iguais aos persas na guerra e nas honrarias. O cerimonial da corte meda foi adotado pelos novos soberanos persas, os quais residiam em Ecbátana nos meses de verão. Muitos nobres medos eram empregados como funcionários, sátrapas e generais.
Um exemplo disso foi Dario, o Medo, chefe militar de Ciro II que chefiou a conquista da cidade de Babilónia, em 539 a.C.. No livro bíblico de Daniel 9:1, é chamado filho de Assuero (na LXX, é vertido por Xerxes), da descendência real dos medos. Isso sugere que Assuero ou Xerxes, seja um nome título oficial usado pelos reis medos e persas. Não confundir com Dario I ou Xerxes I. Não era Cambises, o filho de Ciro II.
Dario foi nomeado co-regente por Ciro II e reinou em Babilónia. É chamado de "rei" no livro bíblico de Daniel. Nessa ocasião tinha 62 anos. Nomeou 120 governadores e sub-governadores (são chamados de "sátrapas" em sentido lato) no Distrito de Babilónia, sobre eles nomeou 3 altos funcionarios, dos quais o profeta Daniel era um. (Daniel 5:30,31; 6:1-3; 9:1; 6:28) No Cilindro de Ciro, o personagem bíblico Dario, o Medo, (Dario, em aram. é weDhoryáwesh; em gr. Dareíos; em lat. Daríus) é chamado de Gobrias.
É bem conhecido o relato de Daniel na cova dos leões e seu miraculoso livramento, e Dario, o Medo, ordenando por decreto reverência ao Deus de Daniel em todos os seus domínios. (Daniel 6:4-29) O relato, segundo os exegetas bíblicos, não é literal. Tratar-se-ia de um cliché literário com a finalidade de fortificar a fé dos judeus do pós-exílio no Deus de Israel. Porêm, há quem o considere como um acontecimento literal. A existência de "cova dos leões" na Babilónia está em conformidade com o testemunho de inscrições antigas. Os persas são conhecidos para ter herdado dos reis assírios a prática de manter estes animais nos seus jardins zoológicos.
¡Conquistados por Alexandre, o Grande !
No tempo do Rei Assuero (que se acredita ter sido Xerxes I), ainda se fazia referência à "força militar da Pérsia e da Média", sendo o conselho privado do rei formado por "sete príncipes da Pérsia e da Média", e as leis ainda eram conhecidas como "as leis da Pérsia e da Média". Em 334 AEC, Alexandre, o Grande obteve suas primeiras vitórias decisivas sobre as forças persas, e em 330 AEC ocupou a Média. Após a sua morte, a parte meridional da Média passou a fazer parte do Império Selêucida, ao passo que a parte setentrional tornou-se um reino independente. Embora a Média fosse dominada ora pelos partos, ora pelo Império Selêucida. Estrabão, geógrafo grego, indicou que uma dinastia dos medos continuou no primeiro século EC. Em Jerusalém, em Pentecostes do ano 33 EC, estavam presentes medos, junto com partos, elamitas e pessoas de outras nacionalidades. Visto que são chamados de "judeus, homens reverentes, de toda nação", talvez fossem descendentes dos judeus exilados em cidades dos medos, após a conquista assíria de Israel, ou talvez alguns fossem prosélitos da crença judaica.
¡Geografia !
Embora suas fronteiras sem dúvida flutuassem, a antiga região da Média basicamente ficava ao oeste e ao sul do mar Cáspio, separada da costa daquele mar pela cordilheira do Elburz. No noroeste, se estendia além do lago Urmia até o vale do rio Araques, ao passo que no seu termo oeste os montes Zagros serviam de barreira entre a Média e a terra da Assíria, e as baixadas do rio Tigre; ao leste ficava uma grande região desértica, e ao sul o país de Elão.
A terra dos medos era principalmente um planalto montanhoso com a altitude média de 900 a 1.500 m acima do nível do mar. Uma parte considerável desta terra é uma estepe árida, onde há pouca precipitação pluvial, embora haja planícies férteis muito produtivas. A maioria dos rios flui para o grande deserto central, onde suas águas se dissipam em brejos e pântanos que secam no verão quente e deixam depósitos de sal. As barreiras naturais tornavam a defesa relativamente fácil. A cordilheira ocidental é a mais elevada, com numerosos picos de mais de 4.270 m de altitude, mas o cume mais elevado, o monte Demavend (5.771 m) se encontra na cordilheira do Elburz, perto do mar Cáspio.
¡Organização!
Os medos destacaram-se pela administração de seu reino, especialmente organizada em comparação aos grandes reinos da época, como a Assíria, a Lídia e a Fenícia. Também mantinham um exército baseado em infantaria armada com espadas de ferro e escudos, arqueiros e cavaleiros com lanças. As demais tribos arianas, como os persas e os partos, permaneceram tributários dos medos por vários séculos.
¡Principais ocupações!
A maioria das pessoas viviam em pequenas aldeias ou eram nômades, e a principal ocupação era a criação de gado. A excelente raça de cavalos criada pelos medos era um dos principais prêmios procurados pelos invasores. Rebanhos e manadas de ovelhas, cabras, jumentos, mulos e vacas também pastavam nos pastos dos altos vales. Em relevos assírios, os medos são às vezes representados usando o que parece serem capas de pele de ovelhas sobre as suas túnicas, e com botas altas com cordões. Esse era o equipamento necessário para o trabalho pastoril nos planaltos, onde os invernos traziam neves e intenso frio. A evidência arqueológica mostra que os medos possuíam hábeis trabalhadores em bronze e ouro.
¡A magia dos medos!
Heródoto, menciona que o termo magia estaria relacionado à palavra magos ou magus, definido como indivíduo pertencente à tribo dos medos. O historiador se refere aos magos como feiticeiros que integravam seitas secretas e prestavam serviços aos reis. A função dos magos foi relembrada pelo poeta Ésquilo ao trazer a memória dos atenienses, na tragédia Os Persas de 472 a.C., o domínio dos medos nas práticas mágicas de contatos com seres sobrenaturais através do ritual de psychagogos/evocação dos mortos. No drama, o poeta constrói a trama na qual Atossa, a rainha persa, necessitava dos conselhos do marido que havia sido morto em batalha. A rainha busca auxílio junto aos sacerdotes, solicitando que eles evocassem a alma do rei Dario através de rituais mágicos. Tal fato deixa transparecer que cabia aos magos estabelecer contato com os seres sobrenaturais, executar sacrifícios aos deuses, realizar rituais fúnebres, além de interpretar sonhos e presságios.
Os sacerdotes usavam roupas de cor branca e sapatos feitos de couro e amarrado por cordões.
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