terça-feira, 17 de dezembro de 2019

O que é ser um santo?

Olá a todos. Como faz um santo na Igreja? Por que a tantos santos e por que muitos os veneram? Vou contar um pouco de como surge um santo na Igreja Católica.
Para o cristianismo católico, "santo" é todo aquele que já está no céu, junto de Deus, aguardando a parúsia (segunda vinda de Cristo) (Apocalipse 5, 7-10 e 8, 2-4) (2 Macabeus 15, 6-17). Aqueles que a Igreja Católica reconhece como santos, através da canonização, são as pessoas que desempenharam uma obra admirável, ou cuja vida serve de testemunho aos demais católicos (1 Cor 12, 31). Esse título denota que, além de grande caráter, a pessoa está na graça de Deus (no Céu), mas a falta desse reconhecimento formal não significa necessariamente que o indivíduo não seja um santo. Aqueles santos que não possuem o reconhecimento formal da Igreja Católica recebem o título de Santos Anônimos. Para celebrar a honra desses santos, foi instituído o Dia de Todos os Santos pelo Papa Gregório III.

São de todas as condições de vida, raças, cores, culturas, países, etc. Porém, uma coisa é comum a todos: eles foram heroicamente bons; basta analisar a vida deles. A santidade é basicamente a estreita união do homem com Deus; desse contato resulta a perfeição moral. Deus é santo por natureza; os homens são santos na medida em que se aproximam dEle.

No céu todos os bem-aventurados estão intimamente unidos a Deus pela visão imediata dEle. Isso é chamado de visão beatífica. Todos os que estão no céu atingiram a santidade perfeita. Aqui na terra os homens são unidos a Deus por meio da graça divina. Essa graça é um dom, livremente dado por Ele, por meio do qual nos tornamos participantes da natureza divina, como São Pedro afirma (cf. 2 Pd 1, 4). Quanto mais graça um homem tem, tanto mais semelhante a Deus se torna. Embora o termo "culto" seja, frequentemente, utilizado, significa apenas prestar honra ou respeito. O Culto Divino está devidamente reservado apenas para Deus (latria).

Na doutrina católica, uma vez que Deus é o Deus da Vida, os santos estariam vivos no céu, podendo por isso interceder ou orar junto a Deus por aqueles que estão ainda na terra. A Igreja Católica baseia sua crença no dogma da comunhão dos santos e na passagem bíblica "Antes de tudo, pois, exorto que se use a prática de súplicas, orações e intercessões, ações de graça, em favor de todos os homens" (Primeira Epístola a Timóteo, capítulo 2, versículo 1).

Um santo pode ser designado como um santo padroeiro de causas específicas ou profissões, ou invocado contra doenças específicas ou catástrofes, mas isso é somente pensamento popular, não sendo uma doutrina oficial da Igreja. Os santos não têm poderes próprios, mas apenas que os concedidos por Deus. Relíquias de santos são respeitados e muitas vezes preservadas em igrejas.

Um santo canonizado foi alguém que na terra praticou a bondade heroica em todas as suas ações. Um homem ou uma mulher não é canonizado por ter uma só virtude. Não é suficiente que ele não tenha faltas salientes. Mesmo uma pequena fraqueza é uma grande falta num santo. Um santo tem um controle perfeito de todas as virtudes. O santo não faz da sua vida espetáculo. Começa pelas virtudes sólidas, comuns da vida cristã, e depois as desenvolve até um grau extraordinário. São Vicente de Paulo costumava dizer que um cristão não deveria fazer coisas extraordinárias, mas sim fazer extraordinariamente bem as coisas ordinárias.

Os santos não foram pessoas raras e especiais que viveram numa só terra ou numa só época particular. Pertencem a todas as épocas e a todas as nacionalidades. São Policarpo, natural da Ásia Menor, viveu no século II; já São Pio X foi um italiano e um Papa do século XX. E os quatro homens que são chamados os Padres do Ocidente, a saber: Santo Agostinho, São Jerônimo, Santo Ambrósio e São Gregório Magno, eram respectivamente da África do Norte, da antiga Iugoslávia e da Itália, e viveram entre os séculos quarto e sexto. Santa Francisca Cabrini era uma freira italiana que fundou hospitais em Nova York e em Chicago. Houve mártires em Nagasaki, no Japão, e padres na Rússia, que foram declarados santos pela Igreja Católica.

O processo de reconhecimento oficial de um santo é chamado, na Igreja Católica, de canonização. Isto só pode ter lugar após a sua morte uma vez que, segundo os princípios do Catolicismo Romano, mesmo a mais santa pessoa viva pode cair em pecado mortal até o último momento. Na Igreja Ortodoxa, é mais no sentido de evitar a pressa e permitir um amplo tempo de reflexão sobre a vida da pessoa.


"A Igreja Católica sempre acreditou que, desde os primeiros tempos do cristianismo, os Apóstolos e os Mártires em Cristo estão unidos a nós mais estreitamente, venerou-os particularmente juntamente com a bem-aventurada Virgem Maria e os Santos Anjos, e implorou devotamente o auxílio da sua intercessão. A eles se uniram também outros que imitaram mais de perto a virgindade e a pobreza de Cristo e além disso aqueles cujo preclaro exercício das virtudes cristãs e dos carismas divinos suscitaram a devoção e a imitação dos fiéis. (...) A Sé Apostólica (...) propõe homens e mulheres que sobressaem pelo fulgor da caridade e de outras virtudes evangélicas para que sejam venerados e invocados, declarando-os Santos e Santas em ato solene de canonização, depois de ter realizado as oportunas investigações." (João Paulo II, Const. Apost. Divinus perfectionis Magister).

Segundo Bento XVI, a santidade é uma tarefa que não é exclusiva apenas dos cristãos, mas de todo ser humano. Recordou que nos primórdios do cristianismo os cristãos eram chamados de "os santos". Com efeito, afirmou que "o cristão já é santo, porque o Batismo o une a Jesus e a seu Mistério Pascal, mas, ao mesmo tempo, deve chegar a sê-lo identificando-se com Ele mais intimamente. Às vezes, costuma-se pensar que a santidade é uma condição de privilégio reservado a uns poucos escolhidos. Na realidade, ser santo é tarefa de todo cristão, de todo homem. Segundo a epístola de São Paulo aos Efésios: "Deus sempre nos abençoou e nos escolheu em Cristo para sermos santos e irrepreensíveis em sua presença, no amor". Todos os seres humanos são, portanto, chamados à santidade. Em última instância, a santidade consiste em viver como filhos de Deus, na "semelhança" com Ele, segundo a qual foram criados. Todos os seres humanos são filhos de Deus e todos devem chegar a ser aquilo que são, mediante o exigente caminho da liberdade." (Bento XVI, por ocasião da Solenidade de Todos os Santos de 2007)

¡ Processo!


No catolicismo , o caminho para uma pessoa ser canonizada é regulado pela Constituição Apostólica Divinus perfectionis Magister, de 25 de janeiro de 1983, e pelas Normae da Sagrada Congregação para as Causas dos Santos, de 7 de fevereiro de 1983. Em 18 de fevereiro de 2008 a Santa Sé torna público a instrução "Sanctorum Mater" da Congregação para a Causa dos Santos sobre as normas que regulam o início das causas de beatificação juntamente com o "Index ac status causarum".

Antigamente somente o Papa podia promover uma causa de canonização, mas hoje em dia, os bispos têm autoridade para isso. Portanto em qualquer diocese do mundo pode-se iniciar uma causa de canonização. Para cada causa é escolhido pelo bispo um postulador, espécie de advogado, que tem a tarefa de investigar detalhadamente a vida do candidato para conhecer sua fama de santidade. 

Nesta fase, a pessoa investigada recebe o tratamento de "Servo de Deus" se é admitido o início do processo. Este é o passo mais demorado porque o postulador deve investigar minuciosamente a vida do Servo de Deus. Em se tratando de um mártir, devem ser estudadas as circunstâncias que envolveram sua morte para comprovar se houve realmente o martírio.

Esse postulador deverá recolher informações pormenorizadas sobre a vida do Servo de Deus e informar-se sobre as razões que pareceriam favorecer a promoção da causa da canonização. Os escritos que tenham sido publicados devem ser examinados por teólogos censores; nada havendo neles contra a fé e aos bons costumes, passa-se ao exame dos escritos inéditos e de todos os documentos que de alguma forma se refiram à causa. Se, ainda assim, o bispo considerar que se pode ir em frente, providenciará o interrogatório das testemunhas apresentadas pelo postulador e de outras que achar necessário.

Em separado, se faz o exame do eventual martírio e o das virtudes, que o servo de Deus deverá ter praticado em grau heroico (fé, esperança e caridade; prudência, temperança, justiça, fortaleza e outras) e o exame dos milagres a ele atribuídos. Concluídos estes trabalhos, tudo é enviado a Roma para a Sagrada Congregação da Causa dos Santos.

Para tratar das causas dos santos existem, na Congregação para a Causa dos Santos, consultores procedentes de diversas nações, uns peritos em história e outros em teologia, sobretudo espiritual, a também um Conselho de médicos. Reconhecida a prática das virtudes em grau heroico o decreto que o faz declara o Servo de Deus "Venerável".

O segundo processo é o milagre da beatificação. Para se tornar beato é necessário comprovar 2 milagres ocorrido por sua intercessão. No caso dos mártires, não é necessária a comprovação de milagre. Irmã Lindalva passou a ser Venerável em 16 de dezembro de 2006, quando o decreto do seu martírio como serva de Deus foi promulgado.

Havendo apresentação de milagre, este é examinado numa reunião de peritos e, se se trata de curas pelo Conselho de médicos, depois é submetido a um Congresso especial de teólogos e por fim à Congregação dos cardeais e bispos. O parecer final destes é comunicado ao Papa, a quem compete o direito de decretar o culto público eclesiástico que se há de tributar aos Servos de Deus. A Beatificação portanto, só pode ocorrer após o decreto das virtudes heroicas e da verificação de um milagre atribuído à intercessão daquele Venerável.

O milagre deve ser uma cura inexplicável à luz da ciência e da medicina, consultando inclusive médicos ou cientistas de outras religiões e ateus. Deve ser uma cura perfeita, duradoura e que ocorra rapidamente, em geral de um a dois dias. Comprovado o milagre é expedido um decreto, a partir do qual pode ser marcada a cerimônia de beatificação, que pode ser presidida pelo Papa ou por algum bispo ou cardeal delegado por ele

Caso a pessoa em causa já tenha o estatuto de beato e seja comprovado mais um milagre pela Igreja Católica, em missa solene o Santo Padre ou um Cardeal por ele delegado declarará aquela pessoa como Santa e digna de ser levada aos altares e receber a mesma veneração em todo o mundo, concluindo assim o processo de Canonização.

¡ Passos!

1º: Servo(a) de Deus
2º: Venerável
3º: Beato(a)
4º: Santo(a)

Em 17 de dezembro de 2007, o Papa Bento XVI, dirigindo-se aos membros do Colégio de Postuladores para as Causas de Beatificação e Canonização da Congregação para as Causas dos Santos, reafirmou que "todos os que trabalham pelas causas do santos (...) estão chamados a pôr-se exclusivamente a serviço da verdade. Por isso, durante a investigação diocesana, as provas testemunhais e documentais devem-se recolher tanto quando são favoráveis como quando são contrárias à santidade, à fama de santidade ou martírio dos Servos de Deus". Considera que por isto "é chave a tarefa dos postuladores, tanto na fase diocesana, como na fase apostólica do processo; uma tarefa que deve ser irrepreensível, inspirada na retidão e encaminhada à probidade absoluta."


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